O mundo assiste
passivamente a morte de milhares de seres humanos em embarcações inadequadas no
Mar Mediterrâneo ao tentarem fugir de áreas em conflito na Líbia, Nigéria,
Gana, Sudão, Etiópia e outros países da África e Oriente Médio.
Os números divulgados
e admitidos pelas autoridades são extremamente pequenos e sem importância,
segundo fontes de países europeus. Na verdade, nos registros feitos nos dois
últimos anos pela Organização Internacional para Migrações – OIM – o número de
pessoas que tentaram a travessia para a Europa passa de trinta mil, muitos
morreram e não tiveram seus corpos resgatados porque simplesmente foram tragados
pelo mar.
O que chama a atenção
é que essas populações vivem nas piores condições de habitabilidade em seus
países e veem na possibilidade de chegar à Europa um horizonte melhor que
merece ser tentado, mesmo correndo os seríssimos riscos que a travessia
intempestiva oferece, sempre com a certeza de que poderão não chegar ao destino
pretendido, como muitos que os precederam nesse tipo de aventura.
Por trás dessas
tentativas de um contingente imenso de desesperados que cresce a cada dia,
gangues especializadas ganham dinheiro e usurpam, alienam, humilham seus
conterrâneos sob a complacência dos administradores de seus países, que
poderiam fazer algo e não tem a menor preocupação com o bem estar deles.
O objetivo deles é
fugir a qualquer custo das péssimas condições que lhes são impostas, das
guerras étnicas que matam seres indiscriminadamente e, muitas vezes, se veem
obrigados a desmontar a própria família, enviando nos barcos seus filhos, netos
e outros parentes para que consigam se livrar daqueles incômodos. Recentemente,
vários jovens e crianças foram resgatadas e até bebês.
Os barcos, geralmente
pequenos e inabilitados para percorrer grandes percursos, geralmente se
apresentam abarrotados de pessoas, acima de suas lotações originárias, tornando-se
alvos fáceis para que as correntes marítimas os enviem para o fundo, matando a
maioria de seus ocupantes.
Muitas vezes,
embarcações de grande e médio porte que trafegam habitualmente naquelas áreas,
se recusam a socorrer os pequenos barcos lotados, contrariando normas
internacionais de navegação.
O problema parece não
incomodar os países europeus, com exceção da Itália, porta de entrada desses
imigrantes através da Ilha de Lampedusa onde alguns sobreviventes são
recolhidos, tratados e encaminhados para áreas seguras.
Os outros países do
bloco europeu se fingem de mortos, como se o problema não os atingisse, embora praticamente
todos esses países tivessem aumentado seus patrimônios através dos processos de
colonização que escravizou pessoas durante tantos séculos nos continentes e,
certamente, deveriam prestar uma atenção maior, além de providenciar a devida
solidariedade e acolhimento.
A questão deveria ser
tratada pela Organização das Nações Unidas com mais seriedade, mesmo porque, as
providências tomadas não conseguiram convencer seus signatários para que
estabeleçam, imediatamente, normas que possam amparar e acolher esses seres em
fuga. Se a ação não tiver a participação de todos, dificilmente se conseguirá
chegar a um resultado satisfatório.
A situação vivida
pelos imigrantes tem caráter humanitário, em razão disso,
devemos ter em mente que a solução do problema passa pela cobrança particular e
necessária que cada um de nós pode fazer.
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