Apesar do excepcional
desenvolvimento científico e tecnológico alcançado em diferentes pontos do
Planeta Terra, inclusive no Brasil, os seres humanos não evoluíram moralmente
de forma proporcional, criando com isso, algumas situações de constrangimento
que expõe as fragilidades das relações humanas, notadamente na direção da convivência
pacífica entre as diferentes etnias do complexo país em que vivemos.
Historicamente, os
negros e seus descendentes trabalharam graciosamente na construção desta nação,
vertendo sangue, suor e lágrimas. Foram submetidos a processos abomináveis de
servidão e nem sempre receberam o reconhecimento pela contribuição inominável
que deram à solidificação da identidade nacional, que é plural, processo nada
diferente do que ocorre no resto do mundo.
O recente caso vivenciado
pela jornalista negra Maria Júlia Coutinho, da rede globo de televisão, soma-se
a situações vividas por Mandela, líder da África do Sul, Martin Luther King,
pastor americano e centenas de milhares de casos de igual teor que sequer
chegaram à mídia, porque as pessoas achincalhadas pela ação danosa de alguns
seres não tinham visibilidade pública, tampouco quem os defendesse de forma
pontual e exigisse reparação adequada e justa.
Diante de situações
desse nível, é fundamental que a sociedade se mobilize e tome partido, exigindo
das autoridades competentes ações que possam responsabilizar e punir quem
comete tais atrocidades, com o objetivo de servir de exemplo, inibindo outras
eventuais ações e dando um recado claro à sociedade na defesa de direitos
fundamentais que não podem ser desrespeitados impunemente.
Infelizmente, pelo
conteúdo racista instituído e com marcas profundas em nosso meio, muitos
ignoram a evolução pessoal de negros ou membros de outras etnias que sempre
estiveram à margem da sociedade, classificando como se eles fossem originários
de sub-raças, ainda vivendo em fases pré-históricas, sendo incapazes de evoluir
e alcançar patamares elevados de desenvolvimento e crescimento em todos os
sentidos. Literalmente, não é a cor da pele ou o formato dos olhos que definem
supremacia sobre os demais seres.
Na linha da
discriminação aleatória, são os mesmos que tradicionalmente fazem questão absoluta
de criticar negros e afrodescendentes ou diminui-los abertamente sem piedade, utilizando
para essa ação canais de mídia, notadamente quando não concordam com a projeção
de membros desses segmentos, ainda mais quando passam a ser vistos, admirados
ou copiados pelo grande público.
Esquecem esses
críticos, que esses segmentos conseguiram sair do anonimato modificando seus
cenários de vida, lutando geralmente sozinhos contra tudo e todos e acabaram se
destacando graças à competência adquirida no embate, com esforço, merecimento e
muita determinação.
Eventuais diferenças poderiam
ser consideradas normais e deveriam ser vistas como próprias da convivência
entre raças, no entanto, a atuação destacada de um ou outro ser deveria nos
proporcionar uma alegria incomum, sendo motivo de comemoração, afinal,
numa sociedade tão competitiva como a nossa, é preciso valorizar como nunca o
esforço de alguns em sair do lugar comum.
O ódio racial é uma
praga ainda espalhada em múltiplos lugares, desmerecendo seres habitualmente
lutadores e dignos do nosso respeito incondicional.
Lutar contra os
sintomas desse mal deve fazer parte da vida de todos os cidadãos que amam sua
pátria e acreditam que a diversidade nela presente seja um dos fatores mais
enriquecedores. Não permita, nunca, que alguns poucos sejam instrumentos da
descaracterização de uma nação que honrosamente fazemos parte.
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