quarta-feira, 8 de julho de 2015

Abominável Ódio Racial

Apesar do excepcional desenvolvimento científico e tecnológico alcançado em diferentes pontos do Planeta Terra, inclusive no Brasil, os seres humanos não evoluíram moralmente de forma proporcional, criando com isso, algumas situações de constrangimento que expõe as fragilidades das relações humanas, notadamente na direção da convivência pacífica entre as diferentes etnias do complexo país em que vivemos.
Historicamente, os negros e seus descendentes trabalharam graciosamente na construção desta nação, vertendo sangue, suor e lágrimas. Foram submetidos a processos abomináveis de servidão e nem sempre receberam o reconhecimento pela contribuição inominável que deram à solidificação da identidade nacional, que é plural, processo nada diferente do que ocorre no resto do mundo.
O recente caso vivenciado pela jornalista negra Maria Júlia Coutinho, da rede globo de televisão, soma-se a situações vividas por Mandela, líder da África do Sul, Martin Luther King, pastor americano e centenas de milhares de casos de igual teor que sequer chegaram à mídia, porque as pessoas achincalhadas pela ação danosa de alguns seres não tinham visibilidade pública, tampouco quem os defendesse de forma pontual e exigisse reparação adequada e justa.
Diante de situações desse nível, é fundamental que a sociedade se mobilize e tome partido, exigindo das autoridades competentes ações que possam responsabilizar e punir quem comete tais atrocidades, com o objetivo de servir de exemplo, inibindo outras eventuais ações e dando um recado claro à sociedade na defesa de direitos fundamentais que não podem ser desrespeitados impunemente.
Infelizmente, pelo conteúdo racista instituído e com marcas profundas em nosso meio, muitos ignoram a evolução pessoal de negros ou membros de outras etnias que sempre estiveram à margem da sociedade, classificando como se eles fossem originários de sub-raças, ainda vivendo em fases pré-históricas, sendo incapazes de evoluir e alcançar patamares elevados de desenvolvimento e crescimento em todos os sentidos. Literalmente, não é a cor da pele ou o formato dos olhos que definem supremacia sobre os demais seres.
Na linha da discriminação aleatória, são os mesmos que tradicionalmente fazem questão absoluta de criticar negros e afrodescendentes ou diminui-los abertamente sem piedade, utilizando para essa ação canais de mídia, notadamente quando não concordam com a projeção de membros desses segmentos, ainda mais quando passam a ser vistos, admirados ou copiados pelo grande público.
Esquecem esses críticos, que esses segmentos conseguiram sair do anonimato modificando seus cenários de vida, lutando geralmente sozinhos contra tudo e todos e acabaram se destacando graças à competência adquirida no embate, com esforço, merecimento e muita determinação.
Eventuais diferenças poderiam ser consideradas normais e deveriam ser vistas como próprias da convivência entre raças, no entanto, a atuação destacada de um ou outro ser deveria nos proporcionar uma alegria incomum, sendo motivo de comemoração, afinal, numa sociedade tão competitiva como a nossa, é preciso valorizar como nunca o esforço de alguns em sair do lugar comum.
O ódio racial é uma praga ainda espalhada em múltiplos lugares, desmerecendo seres habitualmente lutadores e dignos do nosso respeito incondicional.

Lutar contra os sintomas desse mal deve fazer parte da vida de todos os cidadãos que amam sua pátria e acreditam que a diversidade nela presente seja um dos fatores mais enriquecedores. Não permita, nunca, que alguns poucos sejam instrumentos da descaracterização de uma nação que honrosamente fazemos parte.

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