domingo, 29 de janeiro de 2017

Complexos Educacionais ou Prisionais?

Em meio ao fato de que rebeliões em penitenciárias e presídios e as consequentes chacinas de presos que ocorrem todo o tempo no país, uma corrente significativa de administradores públicos e juristas defende que o Estado deveria construir e manter penitenciárias mais reforçadas e com melhores condições de uso que as atuais. Sabidamente, os prédios destinados para esses fins, quando concluídos, apesar dos altos custos investidos, não conseguem abrigar adequadamente as pessoas que desrespeitaram as leis vigentes em nosso país e, em razão disso, mostram quadros de superlotação, proporcionando situações de constrangimento que ferem princípios mais elementares de dignidade humana. Quando esses confrontos ocorrem geram problemas de múltiplas ordens, distribuindo medo em várias camadas da população, instalando insegurança generalizada na maioria das pessoas que está direta ou indiretamente ligada aos fatos. Paralelamente a essas preocupações, sequer se cogita instituir ou reformular os sistemas de ensino que estão disponíveis para grande parte da população, como se não fossem instrumentos necessários e fundamentais para formar os cidadãos. Com a instalação de escolas modernas e métodos eficientes de ensino, seria possível instruir muitos seres que ficaram fora das escolas convencionais e, certamente, não ofereceriam riscos de nenhuma forma. Os recursos financeiros alocados para a manutenção dos sistemas prisionais em todo o Brasil, não são poucos, mas sofrem com os desvios de finalidade: obras superfaturadas para manter sistemas de corrupção, prédios inacabados ou mal estruturados para acolher detentos, além da falta de capacitação contínua dos eventuais operadores destes sistemas. Desde muito tempo, têm-se conhecimento de que um povo educado adequadamente e bem preparado para enfrentar os desafios naturais de seu desenvolvimento, não terá que se submeter ao convívio extremo de compartilhar espaços mínimos em habitações coletivas para pagar pelos equívocos cometidos. Seria uma etapa vencida onde todos ganhariam com isso. Muitos entendem que seria razoável investir financeiramente em educação como forma de prevenir futuros problemas de comportamento, levando-se em conta, de que não é fácil reverter situações onde a marginalidade tomou conta e impede que as comunidades tenham o direito de viver normalmente e seguir seu curso. Nessa mesma direção, a relação custo/benefício nas operações que privilegiam a educação será extremamente positiva, não somente porque criará mecanismos de defesa de todos os seres, mas proporcionará condições para que muitos sigam efetivamente suas vidas e possam se beneficiar eternamente dos instrumentos de aprendizado. Vale lembrar, sempre, que a informação é um direito do povo e um dever do Estado, sendo o maior instrumento que o ser humano dispõe para seu crescimento e desenvolvimento. Ninguém duvida de que será muito mais proveitoso para as comunidades o investimento em educação, porque todos terão condições de tornarem-se cidadãos mais conscientes e participativos, sendo instrumentos do progresso que farão parte de suas histórias de vida. O que os cidadãos esperam das autoridades instituídas é que existam administradores com uma visão ampliada das realidades, criando mecanismos possíveis mais apropriados às necessidades da população e que estejam prontos para executarem seus papéis de forma mais justa e conveniente.