Os
atletas da Paralímpiada 2016 distribuiram graciosamente otimismo,
determinação e superação, demonstrando explicitamente, que não existem
‘coitados’ entre eles e, sim, pessoas determinadas a vencer seus medos e as
eventuais incapacidades de que sejam portadoras.
Nesse
universo, as ‘deficiências’ se apresentam no nível físico com restrições para
locomoção ou visão, no nível mental e intelectual restringindo a capacidade de
desenvolvimento em diferentes formatos e situações, fatos que não impedem esses
atletas de competirem e conquistarem posições de destaque nas provas em que espontaneamente
se submetem.
São
pessoas que nasceram com problemas genéticos, sem pernas, braços ou com parte
deles comprometidos, amputados por problemas decorrentes na vida, alguns tendo
mais que um órgão amputado, outros sofrendo processos contínuos de degeneração
física e intelectual que os deixariam permanentemente sob cuidados clínicos e
atenções especiais.
Nos
semblantes desses atletas especiais invariavelmente observa-se um sorriso, um
ar de satisfação por estarem participando de algo que pode redimir suas
posturas, demonstrando uma acentuada felicidade pelo que se colocaram para
executar e prontos para serem reconhecidos.
Numa
situação paralela, encontramos no mundo físico atual centenas de milhares de
seres que se escondem atrás dos pequenos problemas que os acometem, recusando a
encarar suas provas e expiações, reclamando de tudo e de todos e atribuindo ao
Deus que acreditam que talvez não tenha sido justo ao permitir que tenham uma
vida ‘limitada e cheia de desafios’.
Muitos
desses seres que reclamam diariamente possuem corpo físico perfeito, revelam
uma aparência saudável, além de saúde mental e intelectual invejáveis e, no
entanto, se apresentam como pessoas dependentes, carentes, sofredoras e
questionadoras contumazes de tudo o que podem criticar, com ou sem razão.
Nesse
grupo rebelde, por melhores que sejam as condições de vida que levam e as
naturais propriedades que são detentores nada está completo e alguém, não se
sabe quem, deveria ser responsabilizado por eles não conseguirem alcançar o
ideal que imaginaram para suas vidas.
Dentre
os atletas paralímpicos, podemos constatar que muitos deles já enfrentaram
situações de desprezo, desamparo e abandono, sendo em muitas situações
desautorizados a conviverem com seres normais, porque ‘apresentavam’ acentuado
grau de dependência, fato para muitos normais considerado inaceitável.
A
comparação entre esses dois segmentos é natural e se faz necessária porque
evidencia a necessidade das pessoas entenderem qual é de fato o papel que o ser
humano pode e deve executar na passagem pelo Planeta Terra.
As
capas que vestem, ou seja os corpos que assumem ao aqui chegar, são os
instrumentos disponíveis para executar as tarefas necessárias ao
desenvolvimento pessoal e intransferível de cada ser.
O
modelo que cada um apresenta, segundo a Espiritualidade, está de acordo com a
necessidade e possibilidade de crescimento da pessoa que, talvez em momentos
perdidos no tempo e no espaço, não tenha se utilizado adequadamente de outros
formatos humanos mais completos.
Os
resultados conquistados pelos atletas da Paralimpíadas 2016 revelam uma
oportunidade sem igual de reflexão de valores, reformulação de conceitos e
preconceitos e, certamente, estimula muitos seres normais acomodados a
agradeceram a oportunidade de aprenderem algo útil em suas vidas.