quarta-feira, 20 de julho de 2016

Cultura do Estupro

Em muitos momentos da vida no Brasil, estupros e outras agressões sutis marcam a vida de muitas jovens mulheres e deixam feridas permanentes, diante da suprema indignação de muitos seres conscientes de seus papéis e do desprezo de muitas ‘autoridades’, que deveriam agir para prevenir situações com essas características e se calam quando fatos ocorrem porque são incapazes de proteger quem necessita. Os meios de comunicação – notadamente segmentos que sobrevivem de escândalos de diferentes naturezas - relatam com estardalhaço os casos vindos ao grande público. No exercício de suas atividades os profissionais expõem, sem o menor constrangimento, os seres que já foram humilhados de forma suficiente e não gostariam de ser submetidos novamente a outras exposições. No momento em que uma jovem carioca denuncia que tinha sofrido estupro coletivo, os procedimentos de apuração do fato no âmbito policial beiram ao absurdo, dando a impressão de que para ocorrer uma apuração do caso seria necessário que ela pudesse ‘provar’ que tinha sido submetida involuntariamente. Causa estranheza o fato de os policiais destacados para averiguar o caso não terem o devido preparo para lidar com essas situações, causando estragos sem conta ao arrepio das leis existentes. Em algumas dessas oportunidades, são essas mesmas autoridades – geralmente do sexo masculino – que detonam as vítimas com prejulgamentos ao invés de proporcionar atenção, encaminhamento para áreas de atendimento, enfim, providenciar o amparo adequado e necessário. Muitas ‘autoridades’ aproveitam a facilidade que possuem no contato diário com a mídia e desandam a falar uma quantidade enorme de bobagens e preconceitos, sempre em detrimento das vítimas, como se quisessem justificar suas incapacidades em gerir ou exercitar políticas de segurança públicas tão importantes para todos os cidadãos. Os agressores parecem ganhar vida e consistência quando resolvem divulgar nos meios sociais seus desatinos e se sentem fortalecidos porque a legislação é deficiente, principalmente porque os nobres parlamentares brasileiros não encontram tempo para discutir e votar mecanismos mais eficientes de proteção às mulheres e todos os cidadãos. Nos últimos dias, em razão da repercussão da agressão sofrida pela jovem e escancarada nas mídias sociais, suas excelências resolveram tomar uma atitude e estão revendo algumas leis, tornando mais duras e abrangentes para punir os agressores. Os infratores sentem-se estimulados a continuarem suas ações, aproveitando para manifestar suas concepções machistas de que elas – as mulheres - seriam responsáveis pelos acontecimentos e não vítimas, baseados em suposições e análises que eles mesmos criam e divulgam. A verdade revela muitas mulheres sofrendo com diversas formas de estupro, às vezes praticados por seus próprios companheiros em seus lares. A maioria dos casos sequer chega ao conhecimento do grande público, por receio ou medo das vítimas em relatar o ocorrido e continuar sofrendo outras agressões. As políticas públicas que deveriam proporcionar proteção ainda são tímidas, e só aparecem para a população quando um fato horrível começa a incomodar e as perguntas começam a ser feitas sobre a utilidade de tantos órgãos criados e mantidos para satisfazer vontades políticas nem sempre claras, transparentes. A proteção das cidadãs brasileiras deveria ser um tema constante nas discussões de segurança e bem estar social.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Combate ao abuso e à exploração sexual de crianças

O dia 18 de maio lembrou as ações de combate ao abuso e exploração sexual de crianças no Brasil, alertando sobre a necessidade de os pais e familiares ficarem atentos aos sinais de exposição desse segmento, nem sempre visíveis e muitas vezes camuflados por muitas pessoas próximas a elas. As estatísticas policiais vêm registrando um acréscimo considerável de casos de exploração sexual de crianças e adolescentes, apresentando um dado cruel: muitos passaram a se submeter a sevícias e exploração sexual por imposição de seus familiares e, em muitos casos com o acompanhamento e supervisão deles. Nos muitos casos registrados, é comum um dos cônjuges literalmente ignorar os possíveis sinais de abuso ou exploração de seus filhos, sob a alegação de terem que manter seus casamentos ou relações a qualquer custo, principalmente quando o abusador ou facilitador desse inconveniente é o companheiro dentro do próprio lar. Os estragos provocados nessa criança abusada sexualmente acabam comprometendo seu desenvolvimento físico mental e intelectual, além de torna-las arredias ao contato com outras pessoas do seu convívio e, em centenas de casos, ser tornam pessoas extremamente agressivas e revoltadas. Outra característica que essas crianças acabam desenvolvendo é de não conseguir se relacionar com seus companheiros de turma e, como consequência, apresentam um desempenho escolar péssimo. Muitas vezes o comportamento pessoal, antes considerado normal, se modifica radicalmente, passando a ser de rebeldia e confronto, aparentemente sem razão, colocando em risco o aprendizado como um todo. Nos casos catalogados de abusos sexuais contra crianças e adolescentes observa-se a participação abominável de pais e avós biológicos, por mais absurdo que possa parecer. Entretanto, na maioria dos casos constatados, são os padrastos, tios, irmãos maiores, primos e outros agregados familiares os praticantes de abusos. Normalmente eles exercem um poder sobre as crianças e utilizam essa condição para submetê-las a condições deploráveis. O acentuado grau de submissão a que são expostas interfere pontualmente no comportamento futuro dessas crianças, que tendem a ficar caladas, sem reagir aos incômodos e como ‘defesa’ criam uma ‘capa protetora’ onde não comentam com ninguém nem pedem ajuda de nenhuma forma, tornando difícil entender o que se passa e eventualmente ajudar. Os casos mais graves dizem respeito à negligência e desleixo de muitos pais que, sob a argumentação de que trabalham e não podem cuidar melhor de seus filhos, deixam-nos à sua própria sorte. São inúmeras as situações de crianças e adolescentes se prostituindo durante o dia, ao invés de estarem em escolas que foram preparadas para ajudar em suas formações, comprometendo a saúde deles e colocando em cheque as possibilidades de crescerem e se desenvolverem dentro dos padrões estabelecidos. O maior alerta a ser dado aos pais é que eles não se descuidem de seus filhos, nunca. Conversem sistematicamente com eles, ouçam suas dúvidas, seus questionamentos. Sejam seus amigos permanentemente e não abram mão de exercer o pátrio poder que detém. No caso de observarem alguma coisa anormal no comportamento e atitude de seus filhos procurem ajuda imediatamente. O Conselho Tutelar de sua área é um órgão importante nesse trabalho, assim como a Promotoria e Juizado da Infância e Juventude de sua região.