Nos
registros literários, a mentira é um gesto que contraria a verdade, sendo
caracterizada como uma omissão, sinônimo de engano deliberado, trapaça, fraude,
ilusão, ficção e tantos outros adjetivos de menor qualificação.
Na
teoria, alguém apontado como mentiroso é considerado um ser amoral, sem
consciência e, portanto, desprezível em quaisquer sociedades que, a rigor, não
toleraria atitudes com essas características.
Na
prática, contrariando a tudo que se poderia imaginar, a mentira tem sido parte
integrante e contumaz dos discursos políticos, notadamente em épocas
eleitorais, fundamentando ações mentalmente criadas para enganar o povo e, mais
recentemente, objeto dos depoimentos de diversas autoridades, em vários níveis,
que foram pegos cometendo algum tipo de desvio de conduta.
Muitos
deles não tiveram o menor constrangimento ao montarem verdadeiras obras de
artes para explicar nos tribunais o aumento indiscriminado e sem justificativa
de seus bens ou outras atitudes danosas ao patrimônio público.
Outros
seres, entretanto, para justificar vários atos infames, tiveram a capacidade de
criar de forma tão fantástica suas argumentações mentirosas que passaram a
acreditar em seu conteúdo indefinidamente.
Na
verdade, o ser humano continua sendo educado para criar e disseminar algumas
mentiras do bem, supostamente àquelas que não provocariam nenhum tipo de dano
ou constrangimento a quem quer que seja.
O
grande problema é que uma maioria acaba se acostumando com esse estado de
coisas e resolve por si só não abrir mão desse dispositivo ao longo de suas
vidas. Ao contrário, sofisticam seus conteúdos a tal ponto que passam a
impressão de que sejam verdades e não tem o menor constrangimento em exercitar
suas mentiras para desespero de muita gente.
Na
qualificação psicológica sobre os tipos de mentiras utilizadas frequentemente pelas
pessoas temos pelo menos quatro tipos: o mentiroso eventual, que como o
próprio nome remete tende a ser aquela pessoa que utiliza esse mecanismo
inocentemente para se safar, revelando medo de confrontar a realidade.
O
mentiroso
frequente, muito diferente do
tipo eventual, que não perde tempo para analisar e fundamentar seus argumentos.
Está sempre mentindo e já sabe como convencer. Sua experiência verbal e ações,
no entanto, contradizem suas expressões corporais.
O
mentiroso
natural, no entanto, não consegue diferenciar verdades de mentiras.
Tende a cair em constantes contradições e é capaz de corrigir suas atitudes com
argumentos extremamente elaborados, sofisticados demais.
Já as características do mentiroso profissional demonstram que a pessoa
foi treinada e mente para conseguir um objetivo específico. Estuda minuciosamente
os argumentos das partes interessadas e sabe o que dizer. Desenvolve formas
variadas de atuação para dominar sua linguagem corporal e passar a imagem mais
adequada aos seus objetivos. Alguns se dedicam à prática de atividades ilegais como golpista.
Todos esses tipos são encontrados nas
sociedades em maior ou menor proporção provocando estragos imensos. Estudos
sobre comportamento humano demonstram que ninguém está isento de mentiras ao
longo de suas vidas.
O grande problema observado é que muitos
assumem essas características e passam a moldar suas vidas de acordo com esses
princípios. Ações dessa natureza acabam desvirtuando os seres dos seus
verdadeiros compromissos, ou seja, contribuir efetivamente para que as
sociedades sejam mais organizadas e tratem seus cidadãos com mais igualdade e
respeito.
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