quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Incômodos Cemitérios


Desde tempos imemoriais, os cemitérios são constituídos nas cidades de forma a abrigarem seus mortos, proporcionando sepultamentos aos corpos de seres que fizeram parte de suas sociedades.

Nos primórdios da civilização, os locais utilizados para enterrarem os mortos ficavam dentro de propriedades particulares e eram dispostos aleatoriamente, quase sempre de acordo com a vontade manifestada do ser que partia desse mundo.

A maioria das pessoas nunca leva em consideração os inconvenientes causados pelo depósito dos corpos nesses cemitérios, cujas áreas podem abrigar lençóis de águas importantes para o crescimento e desenvolvimento das cidades.

O mundo tem conhecimento de que os intermináveis processos de contaminação nessas áreas podem ser altamente danosos à saúde humana, dependendo principalmente das condições ambientais. Pouco ou quase nada é feito no sentido de alterar esse quadro.  

Os cadáveres depositados no solo sofrem algumas transformações como autólise ou autodigestão e putrefação, onde as células são dissolvidas por enzimas do próprio corpo e, em seguida, ocorre putrefação com a decomposição de tecidos e órgãos por microrganismos constituídos internamente, liberando gás sulfídrico, metano, dióxido de carbono, hidreto de fósforo, amônia, enxofre e outros metais altamente tóxicos que tornam o local completamente insalubre ou inadequado para qualquer outro uso.

Muitos cemitérios desativados continuam liberando gases no ar durante centenas de anos, causando desconforto para populações ao seu redor.  

Outro fenômeno observado nesses locais é um processo conhecido como saponificação, notadamente nos cemitérios brasileiros onde a alta umidade do solo, em razão do clima acentuadamente quente, provoca o retardamento na decomposição dos cadáveres.
Nesse processo, observa-se a formação de um líquido viscoso conhecido como necrochorume, composto por água e sais minerais, grande quantidade de vírus, substâncias orgânicas degradáveis, além de infinitas bactérias.

Nesse líquido são encontrados metanol e formaldeído, agentes utilizados no embalsamento dos corpos e outros metais pesados.

Em razão de muitos cemitérios não terem sido adequadamente planejados – muitos próximos de rios e córregos - é muito comum observarmos a invasão por águas subterrâneas e superficiais, o que pode provocar problemas de saúde de diferentes naturezas para a população.

Por conveniência, descaso ou falta de informação, as cidades continuam instalando cemitérios comuns, sem se preocuparem com os problemas gerados.

Contrariamente ao que se poderia imaginar, várias cidades no mundo passaram a desenvolver esquemas de visitação pública em cemitérios, com direito a tour pela internet usando aplicativo do Google, com o objetivo de mostrar os túmulos de gente importante que tiveram seus restos mortais ali depositados.

Passa muito longe, ainda, a discussão que poderia se feita sobre a conveniência ou não dos cemitérios no formato atual, principalmente pelos inconvenientes observados.
Existem outras fórmulas que poderiam ser utilizadas e que teriam menor impacto nas cidades, como a cremação, um instrumento eficaz que não provoca os mesmos danos na natureza, além de não necessitar de espaços tão grandiosos para sua adoção.

Sabe-se, entretanto, que muita gente ainda não possui informações suficientes para adotar a cremação de corpos, muitos evocam suas opções religiosas, notadamente àqueles que acreditam que ressuscitarão um dia e vão precisar do mesmo corpo, com as mesmas características, para dar continuidade a sua vida...
Sobre o assunto, há muito que apreender e adotar...


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