quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Vitória da Cidadania


O recuo do governo do Estado de São Paulo em adiar a chamada reorganização do ensino público provocou a alegria de muita gente, de pais que podem respirar aliviados, de professores que seriam transferidos sem opções, de servidores e funcionários de escolas e, principalmente de alunos, os maiores prejudicados nesse processo.

Como a imprensa vem divulgando diuturnamente, as autoridades paulistas só foram convencidas de que deveriam mudar de postura ao sentir na pele as manifestações da população protestando, ocupando escolas, ruas e avenidas, ou seja, tendo que exercitar no limite seus argumentos para a manutenção de direitos.

Contrariamente ao que os órgãos oficiais queriam fazer a população acreditar, não houve consulta popular sobre a oportunidade de fazer as modificações nesse momento, tampouco perguntaram aos maiores prejudicados o que eles achavam das medidas que seriam impostas.

Segundo alguns especialistas em administração pública estava e continua em jogo a redução indiscriminada de investimentos educacionais.

Ao ignorar os efeitos que seriam produzidos, notadamente nas camadas mais pobres da população, o governo passou a correr o risco de ser desautorizado, principalmente porque sua escolha decorria do compromisso tácito de respeitar a vontade daqueles que tinham votado nele por acreditar que faria o melhor para a população.

Ao desencadear o processo aleatoriamente, muitos imaginavam que não haveria reação de nenhuma forma e que a população ia engolir caladinha, de novo, sem reclamar.

Em tempos em que a informação é a grande arma do cidadão para defender seus direitos, os movimentos começaram tímidos no interior do estado, em áreas onde normalmente pouco se questiona o que a “autoridade” faz e foi ganhando corpo, se espalhando por regiões notadamente mais críticas até se tornar um movimento único e consistente.

O resultado das manifestações foi de tal forma importante que os índices de popularidade do governo despencaram acintosamente, chegando a níveis baixíssimos.

Segundo o que se pode avaliar, não existe determinação maior de governante do que manter sua popularidade em alta, principalmente quando se é politico e está sempre galgando outras posições através do voto popular.

Diante de um quadro que poderia comprometer qualquer ambição política ou sequência dela, não valeria a pena arriscar. A prudência recomendava voltar atrás e consultar os interessados sobre a melhor forma de implantar o novo sistema, sem provocar grandes danos.

O decreto de revogação das medidas foi o primeiro passo e a população aguarda que a discussão sobre o tema aconteça de fato. Que sejam levados em consideração todos os aspectos e partes envolvidas. Que as propostas sejam justas.

Os interessados desejam que as reivindicações da maioria sejam aceitas e que seja possível discutir à exaustão todos os procedimentos que eventualmente venham a ser adotados.

Numa sociedade democrática, onde os cidadãos devem participar efetivamente das decisões de seu interesse, é preciso ficar e continuar atento a tudo que acontece ao redor.
A vitória nesse episódio não é definitiva é parcial, mas deve ser comemorada. O exercício da cidadania pressupõe não abrir mão dos direitos que foram adquiridos através de muita luta.

Esperamos que os governantes prestem uma maior atenção nos desejos e aspirações daqueles que votam neles...


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