quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Tragédia Anunciada


A tragédia vivida pelos moradores de algumas regiões do município de Mariana, em Minas Gerais e cidades do Espírito Santo, neste início de novembro, mostra os perigos a que estão submetidos permanentemente populações residentes ao redor de áreas onde são explorados minérios.

O rompimento de barreiras de contenção de rejeitos de minérios provocou um estrago enorme na região e terá reflexos na economia de vários municípios vizinhos. Estimativas primárias dão conta de que serão necessárias centenas de anos para que a natureza se recomponha e a vida volte ao normal naquela região.

Na sequência à tragédia, várias comunidades deverão ser afetadas porque resíduos contém substâncias altamente toxicas, sendo materializadas no curso de rios além de comprometer a qualidade da água que jorra desde suas nascentes.

Um quadro desolador mostra pessoas desaparecidas, algumas mortas e uma devastação da fauna e flora local, aliado ao fato de que muita gente perdeu suas habitações e não terão a possibilidade de voltar para seus lares.

O tratamento de rejeitos de minérios é executado em diferentes localidades brasileiras, resultado da extração de algum tipo de mineral. Segundo a legislação existente, esses resíduos devem ser contidos e tratados em áreas específicas e protegidos para que não poluam o meio ambiente.

Um dado recente divulgado pelos meios de comunicação, mostra que existem pelo menos setecentas áreas com essas finalidades em todo o país, muitas delas em estágio avançado de saturação, o que exigiria ter um controle oficial mais efetivo de sua utilização para evitar futuros danos.

O caso do município de Mariana vem alertar para a necessidade de implantação de outras medidas de controle mais efetiva por parte dos órgãos oficiais. Tais providências evitariam a perda de vidas, ao mesmo tempo em que garantiriam a manutenção de vários organismos necessários aos humanos sem comprometer as condições de habitabilidade de muitos cidadãos.

A demora em exigir das empresas operadoras a instituição de instrumentos mais eficazes de contenção e controle dos resíduos esbarra, quase sempre, em medidas burocráticas que se perdem nos escaninhos das repartições públicas, onde o caráter econômico prevalece em detrimento de outros interesses maiores.

A mineradora Samarco, subsidiária da empresa Vale, que opera na área, foi notificada e teve suspensa todas as atividades de extração até que garanta que o trabalho poderá ser feito em segurança, sem riscos.

No inquérito aberto, estarão sendo investigadas as causas do rompimento da barragem, se houve negligência por parte da empresa e de seus funcionários e quais fatores teriam desencadeado o trágico evento.

O Ministério Público em Mariana acompanha o desenrolar do caso e deve tomar as providências cabíveis para ressarcir as pessoas ou instituições que tiveram prejuízo.
Fatos com essas características estão se tornando rotina no país, notadamente quando compromete a qualidade de vida de muitas populações.


Em muitos momentos, a atuação ineficaz dos órgãos de controle e fiscalização acaba não impedindo que fatos tão desastrosos continuem acontecendo. Infelizmente, os maiores prejudicados são seres humanos de poucos recursos financeiros, que muitas vezes residem ao redor dessas áreas porque entendem que estariam próximos do local de trabalho e da família, sem se darem conta dos eventuais riscos que estariam correndo.

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