O
recuo do governo do Estado de São Paulo em adiar a chamada reorganização do
ensino público provocou a alegria de muita gente, de pais que podem respirar
aliviados, de professores que seriam transferidos sem opções, de servidores e funcionários
de escolas e, principalmente de alunos, os maiores prejudicados nesse processo.
Como
a imprensa vem divulgando diuturnamente, as autoridades paulistas só foram
convencidas de que deveriam mudar de postura ao sentir na pele as manifestações
da população protestando, ocupando escolas, ruas e avenidas, ou seja, tendo que
exercitar no limite seus argumentos para a manutenção de direitos.
Contrariamente
ao que os órgãos oficiais queriam fazer a população acreditar, não houve
consulta popular sobre a oportunidade de fazer as modificações nesse momento,
tampouco perguntaram aos maiores prejudicados o que eles achavam das medidas
que seriam impostas.
Segundo
alguns especialistas em administração pública estava e continua em jogo a
redução indiscriminada de investimentos educacionais.
Ao ignorar os efeitos que seriam produzidos, notadamente nas
camadas mais pobres da população, o governo passou a correr o risco de ser
desautorizado, principalmente porque sua escolha decorria do compromisso tácito
de respeitar a vontade daqueles que tinham votado nele por acreditar que faria
o melhor para a população.
Ao
desencadear o processo aleatoriamente, muitos imaginavam que não haveria reação
de nenhuma forma e que a população ia engolir caladinha, de novo, sem reclamar.
Em
tempos em que a informação é a grande arma do cidadão para defender seus
direitos, os movimentos começaram tímidos no interior do estado, em áreas onde
normalmente pouco se questiona o que a “autoridade” faz e foi ganhando corpo,
se espalhando por regiões notadamente mais críticas até se tornar um movimento
único e consistente.
O
resultado das manifestações foi de tal forma importante que os índices de
popularidade do governo despencaram acintosamente, chegando a níveis
baixíssimos.
Segundo
o que se pode avaliar, não existe determinação maior de governante do que
manter sua popularidade em alta, principalmente quando se é politico e está
sempre galgando outras posições através do voto popular.
Diante
de um quadro que poderia comprometer qualquer ambição política ou sequência
dela, não valeria a pena arriscar. A prudência recomendava voltar atrás e
consultar os interessados sobre a melhor forma de implantar o novo sistema, sem
provocar grandes danos.
O
decreto de revogação das medidas foi o primeiro passo e a população aguarda que
a discussão sobre o tema aconteça de fato. Que sejam levados em consideração
todos os aspectos e partes envolvidas. Que as propostas sejam justas.
Os
interessados desejam que as reivindicações da maioria sejam aceitas e que seja
possível discutir à exaustão todos os procedimentos que eventualmente venham a
ser adotados.
Numa
sociedade democrática, onde os cidadãos devem participar efetivamente das
decisões de seu interesse, é preciso ficar e continuar atento a tudo que
acontece ao redor.
A
vitória nesse episódio não é definitiva é parcial, mas deve ser comemorada. O
exercício da cidadania pressupõe não abrir mão dos direitos que foram
adquiridos através de muita luta.
Esperamos
que os governantes prestem uma maior atenção nos desejos e aspirações daqueles
que votam neles...
Nenhum comentário:
Postar um comentário